segunda-feira, 17 de julho de 2017

O primeiro casamento

O primeiro casamento em que o Tomé foi convidado, foi também aquele em que ele levou as alianças aos noivos.

Havia uma grande ansiedade em saber se ele ia ou não entrar à frente da noiva, como era suposto. Tinha a companhia de uma linda menina das alianças, uma autêntica princesa, muito comunicativa e bem-disposta. 

Na hora H, os dois se posicionaram em frente da noiva de braço dado com o seu pai e ambos estavam algo assustados. A pequena doce menina, da mesma idade dele, já tinhas as lágrimas nos olhos tal era a pressão de uma enorme igreja cheia de gente, a parafernália de fotógrafos e a mãe a ultimar as instruções. Eu tive que dar uma ajuda com o vestido da noiva e acabei por deixar o meu pequeno príncipe entregue à mãe da menina, acho que acabou por ser melhor assim.

Lá começou a música e eles avançaram sob a voz de comando de uma mãe determinada em que tudo corresse bem. Eu corri pelo lateral da catedral para chegar lá em cima mais ao menos ao mesmo tempo deles, ainda tive que incentivar o Tomé a avançar até ao fim do caminho que tinha para percorrer. E ele lá foi, sentou-se ao pé da avó e ali assistiu à cerimónia. No momento de dar as alianças, não conteve a tamanha vergonha que sentia e deixou-se ficar bem encolhido no banco, nem um dedo mexeu.

Passada a pressão da tarefa difícil que tinha em mãos, fomos para a quinta, a grande festa. As primeiras duas horas, passou-as a dormir no carrinho numa sombra agradável e fresca. Acordar num local desconhecido, cheio de gente à volta dele, não foi fácil, mas com a ajuda de quem o dobra bem, a minha querida prima Joaninha, ele lá foi até ao parque infantil e alinhou em meia dúzia de brincadeiras.

Seguiu-se o almoço, portou-se bem, comeu o arroz que lhe apeteceu, até não poder mais. Lá se foi desinibindo às pessoas que o vinham cumprimentar e chamar. Surpresas para os noivos, música e mais música e assim que tomou o gosto da dança e do palco, foram horas a fio, a dançar sem parar. Eram 3:50 quando saímos da festa e ele parou, escusado será dizer que dormir seguido até às 14:30 da tarde do dia seguinte.

O Tomé foi menino das alianças a convite do tio Tiago e da noiva Renata, sei que terá muito orgulho em dizer que foi o menino das alianças daqueles tios que ele tanto gosta. Naquele dia, porque a Renata estava com um lindo vestido mas fora do comum, o Tomé teve uma vergonha enorme e não conseguiu chegar-se para ela. Ele dizia que ela era uma noiva linda mas que não queria chegar perto, talvez fosse tecido a mais para ele… mas o que é certo, é que ela estava linda.

Nas duas semanas seguintes, falava constantemente no casamento, tivemos direito a assistir à versão de beijo de noivos do Tomé, “põe a cabeça de lado e o outro dá assim o beijo…” semicerrando os olhos dava-nos uns longos beijos apaixonados imitando os noivos. Eles estavam longe em lua-de-mel, quando lhe disse que os tios tinham voltado e que íamos estar com eles a pergunta dele foi: “A tia Renata já não vai estar vestida de noiva pois não?” Cobriu-os de beijos e abraços, tantas eram as saudades.

Dificilmente se vai lembrar deste dia quando crescer, mas com toda a certeza vai saber que foi um grande dia, que teve um papel muito importante e que se divertiu imenso.


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